Advertisement

Casa Triângulo, lançando artistas emergentes desde 1988

Artsy Editorial
Mar 25, 2014 9:02PM

Artsy: Descreva de forma sintetizada seu espaço/estande na SP-Arte. Alguns temas recorrentes que gostaria de ressaltar?

Ricardo Trevisan: Nosso estande foi pensado de forma que cada um dos artistas tenham espaços individuais generosos, e ao mesmo tempo em integração total com o conjunto de obras apresentadas.  Não tem um tema recorrente, vamos apresentar obras inéditas de artistas da galeria.

Artsy: Escolha dois a quatro trabalhos que serão exibidos na feira, para uma análise mais profunda, a saber, histórias ou características que possam interessar a um ávido colecionador, ou a um visitante que queira saber mais sobre o artista e/ou a obra.

RT: Sandra Cinto, “O Dueto,” 2014, grafite e caneta permanente sobre compensado naval e violinos, 110 x 180 x 15 cm.

Em sua recente exposição individual intitulada “Pausa.”, apresentada na galeria em outubro de 2013,  as paredes da sala—pintadas em cor próxima à de papel gasto—estavam todas cobertas de finos traços horizontais e paralelos, remetendo à pautas musicais. Evocavam através do silêncio e da pausa, o inevitável fluir do tempo. 

Compondo junto com os desenhos das paredes das salas, Sandra Cinto reuniu instrumentos musicais diversos—violoncelo, contrabaixo, violinos, flautas—que foram fixados ou apoiados na parede ou sobre o piso, sempre destituídos de sua função de emitir os sons que lhes são próprios.  O resultando era uma grande pausa no tempo e no espaço, não só o musical, que envolvia a todos aqueles que visitavam a galeria.

A obra que será apresentada na SP-Arte de certa forma sintetiza todas as sensações reflexivas e construtivas de “Pausa.”

Albano Afonso, da série Cristalização da Paisagem - Julho de 2013 - Rio de Janeiro, 2014, fotografia, 165 x 340 cm [tríptico]

A obra de Albano Afonso na SP-Arte, faz parte da série intitulada “Cristalização da Paisagem,”  apresentada recentemente na Bienal MASP de Fotografia, em 2013, onde Albano Afonso discute os valores relativos ao modo como a paisagem é apreendida em nossos tempos, criando uma relação com a pintura.

Artsy: Descreva-nos em cinco etapas (ou menos) o cronograma de sua carreira no mundo das artes, desde o seu primeiro emprego até a abertura de sua galeria. Qual a experiência ou lição mais relevante desta época que influenciou a forma como foi criado o seu próprio espaço? Qual a sua missão como galerista?

RT: Colo aqui o texto de apresentação do livro “Casa Triângulo 2013/1988,” comemorativo de 25 anos de galeria:

Na década de 1980 o mercado de arte no país estava em plena euforia. Como colaborador da revista Interview, acompanhei de perto a efervescência cultural e social daqueles anos. Entrevistei e fotografei inúmeros artistas, curadores, críticos de arte e, sobretudo, galeristas, entre outras importantes e destacadas personalidades.

Não tive como escapar; eu me apaixonei e me envolvi—fui absorvido por toda essa teia. Cada vez mais imerso no meio, percebi a pouca inserção de artistas jovens e emer- gentes no mercado e, intuitivamente, arrisquei: decidi transformar a casa em que vivia em galeria. A casa, no segundo piso de uma construção da década de 1920, com planta triangular, no Largo do Arouche, tinha em sua fachada a inscrição “Casa Triângulo”, daí o nome da galeria, inaugurada em 1988.

As aberturas das exposições eram verdadeiros happenings e, aos poucos, toda a ousadia e a transgressão da galeria situada no centro de São Paulo—a única na época—propagaram-se pela mídia, pela crítica e pelo público, transformando as mostras realizadas naquele espaço em momentos antológicos.

Nesse período não havia o mercado de arte como o entende- mos hoje. O boom dos anos 1980 estava em declínio, e os galeristas preferiam investir em nomes consagrados a trabalhar com novos talentos. E eram poucos os cole- cionadores e os investidores em arte.

Como um dos agentes da profissionalização e da inter- nacionalização do mercado de arte, presenciei o cenário artístico brasileiro evoluir e mudar radicalmente em vários aspectos, especialmente a partir dos anos 2000, com a abertura de várias galerias, o surgimento das feiras internacionais de arte no Brasil e o número crescente de novos colecionadores e interessados em arte, um período promissor nunca visto anteriormente. Podemos notar também a participação cada vez mais efetiva de artis- tas brasileiros em mostras internacionais, não deixando dúvidas sobre a relevância do país no mapa da arte contemporânea.

Incentivando a realização de exposições experimentais, em escala institucional, a Casa Triângulo, espaço sempre aberto à criação e à experimentação, consolidou-se como uma das mais renomadas e respeitadas galerias brasileiras de arte contemporânea. Permanecendo fiel a suas premissas, vem desempenhando, ao longo de 25 anos, importante papel na construção e consolidação da carreira de alguns dos nomes de maior destaque da cena contemporânea, além de ter estabelecido fortes parcerias com museus e instituições públicas e privadas em vários países, endossando o valor de um diálogo aberto e colaborador no meio.

Artsy: Quais os seus planos para o resto de 2014 para a sua galeria?

RT: Durante a semana da SP-Arte, temos uma agenda especial de eventos comemorativos aos 25 anos da galeria. Vamos também participar das feiras: Frieze New York e Art Basel Hong Kong no primeiro semestre de 2014, além do nosso programa de exposições.

Clique aqui para ler este artigo em inglês

Confira a SP-Arte 2014 na Artsy.

Artsy Editorial