Chico da Silva - Animais da Água e do Ar
Chico da Silva - Animais da Água e do Ar
Francisco Domingos da Silva, conhecido como Chico da Silva, foi um artista brasileiro, natural do estado de Acre, muito destacado pelo seu trabalho figurativo e colorido que se expandiu de forma popular pelo Brasil, entre os anos 40 e 70.
Estas obras parecem emitir sons de floresta e gritos de animais. Os seres desenhados estão sempre prestes a traçar um ataque ou a rujir uma vitória, invocam mitologias e expressam brincadeiras, fome e desejo.
O universo visual de Chico da Silva é abundante. Entre os peixes que voam e comem pássaros, ou os dragões que lutam com serpentes no meio de folhas repletas de padrões que acolhem monstros agitados. Estas obras parecem emitir sons de floresta e gritos de animais. Conseguem fixar o espectador nos seus movimentos e hipnotizá-lo perante a sua narrativa bélica e selvagem. Os seres desenhados estão sempre prestes a traçar um ataque ou a rujir uma vitória, invocam mitologias e expressam brincadeiras, fome e desejo.
O artista, de origem indígena e peruana, começou por trabalhar sobre materiais rudimentares, em paredes de casas, usando carvão e tintas simples. As suas composições animalescas e fantásticas, ricas eu fauna e flora e dotadas de um imaginário meio-infantil meio-naif, não deixaram indiferentes os trausentes e captaram o olhar do marchand francês Jean-Pierre Chablotz. Em, 1940, o conceito de “arte primitiva contemporânea” estava envolvido em novidade e desconhecimento, pelo que suscitou uma onda de fascínio e entusiasmo que motivou Chablotz a integrar Chico da Silva em salões de Belas Artes no Brasil, em várias edições da Bienal de São Paulo e em várias exposições pela Europa, incluindo a Bienal de Veneza de 1966, onde recebeu uma menção honrosa.
Hoje em dia, Chico da Silva é um artista celebrado pela ousadia e vastidão do seu imaginário, que nunca viu escassez em histórias para contar, mesmo quando os meios eram pobres. A vivacidade das suas cores e a ancestralidade do seu desenho são características que primam pela sua intemporalidade. A obra do artista foi revisitada em 2023 na Pinacoteca de Ceará com uma mostra das pinturas mais importantes do Atelier de Pirambu e, no mesmo ano, foi realizada a maior retrospetiva do artista com 148 obras presentes. Dada a sua potência internacional, em 2024 o acervo do artista também foi incluído numa exposição em Nova Iorque e, em 2025, serão apresentadas várias obras da sua autoria na Galeria São Mamede.